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Da construção à imersão

Escrito por Bruno Peres | Postado como | às 22:17

“O Volapuque, Esperanto, o Ido, o Novial, são línguas mortas, mais mortas do que antigas línguas sem uso, porque seus inventores jamais criaram lendas para acompanhá-las.” J.R.R. Tolkien

Tolkien criou, sem dúvida, um dos maiores cenários de toda a literatura mundial e isso se deve não somente a complexidade de suas histórias ou os inúmeros graus de entendimento, mas também ao nível de imersão que sua Terra Média nos proporciona.

Quando histórias são criadas, elas nos contam acontecimentos, nos descrevem pessoas e lugares, nos mostram diferentes situações. Porém nada daquilo aconteceu por acaso, tudo possui um passado, uma história dentro da história. Pode parecer estranho, mas é nesse ponto que começa a imersão de verdade, nesse ponto é que você pode fazer com que o leitor ou jogador comece a se identificar com seu cenário.

Ainda difícil de entender?
Alguns exemplos podem nos ajudar: Todo mundo deve se lembrar de MIB:Homens de preto II, quando James Edwards ou apenas J (Will Smith) tenta trazer seu parceiro Kevin Brown ou apenas K (Tommy Lee Jones) de volta da amnésia feita no primeiro filme da série, e vão percorrendo pontos que o próprio agente tinha feito antes de ser “apagado”. Durante esse trajeto vamos descobrindo fatos que nos explicam acontecimentos dos dois filmes, mostram o porquê do Agente K ser tão temido e também o porquê de alguns de seus atos. Isso traz maior credibilidade a todos os acontecimentos do enredo.

A criação de histórias, lendas, personagens interessantes e tudo o mais que acrescente valor ao cenário deve ser levado em consideração no momento em que você estiver criando seu cenário ou sua história. Esses elementos criam brechas para que bons jogadores criem suas próprias lendas e o ajudem a contar melhor o passado e o presente de seu novo mundo.

Mas o que é essa tal de imersão, afinal de contas?
Imergir significa entrar, introduzir-se. Na área de games e mídias esse termo vem ganhando cada vez mais uso com o advento da realidade aumentada e da realidade virtual. Muitos estudos fazem análises sobre o tema em jogos por todo o mundo e a imersão também é um dos elementos mais importantes na criação e desenvolvimentos de games, podemos traduzi-la como o grau com que o jogador se identifica com seu cenário, sua história e o ambiente em que tudo se passa.

Trazer os jogadores cada vez mais para dentro de seu cenário não é uma tarefa tão simples, mas também não se iguala aos trabalhos de Hércules. Tolkien e outros autores nos ajudam, trazendo-nos uma série de histórias, contos, lendas e personagens antológicos, fazendo-nos nos identificar com suas vidas, querendo descobrir e entender os acontecimentos e quando percebemos livros de muitas páginas foram lidos e ainda queremos mais, queremos assistir, participar e até criar histórias para o universo que acabamos de descobrir.

Mas aqui só se fala de universos medievais??
Pode até parecer, mas quando dizemos cenários, lendas, histórias e etc., estamos nos referindo a qualquer tipo de cenário, independente de regras, época, tecnologias e qualquer outro detalhe. Pense em lendas sobre vampiros que mudaram histórias de nações inteiras, crie histórias sobre gangues anarquistas que destruíram um navio voador em pleno século XVIII, em suma: dê asas à sua imaginação e deixe seu cenário cada vez mais imersível.

E falar de imersão e todo esse assunto de criação me lembraram que está mais que na hora de começarmos a colocar a mão na massa! Pretendo trazer para o Pano de Fundo, idéias para a criação dos mais diversos cenários, e quem sabe conseguir trazer pessoas que criaram e desenvolveram grandes sucessos para falar de suas experiências.

Para finalizar é interessante dizer que a idéia aqui não é passar ou mesmo difundir conceitos acadêmicos e científicos, mas apenas, abrir as portas para que esse tema de imersão possa ser discutido também na criação de cenários para RPG. Mostrar aos interessados que a preocupação com o comprometimento de seus jogadores em suas aventuras está mais em suas mãos, de criador, do que podemos imaginar.

Ao som de: Within Temptation – Memories

Sobre o Autor:
Bruno Peres Bruno Peres (brunoperes03@yahoo.com.br) Formação em Comunicação Digital com Especialização em Web Presence pela Universidade de Toronto é um RPGista por natureza e solteiro por incompetência, tenta ser escritor nas horas vagas e adora contar causos de sua vida entre amigos. É editor e escreve para o site da A4A e mantém o Twitter @bperes


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Comments (2)

noooossa..... verdade...
mas e latim???? tá morta num tá?

A igreja católica se comunica internamente apenas em latim e esse é o Idioma oficial da Cidade do Vaticano - http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim.

Bjus

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