Uma tarde chuvosa trás consigo um pouco de música, frio e devaneios sobre um paralelo irreal.
Faço mais uma dose, dois cubos de gelo e um último cigarro.
O que leva alguém a criar riscos e se manter a parte do perigo?

O álcool chega com sua perspicácia e inteligência verborrágica, gotas molham a entrada do velho alpendre e algum respingo atinge meu corpo imóvel.
O que levaria alguém a buscar uma nova vida se a dura decisão emporcalha almas e desejos?


O vento entra pela casa, trazendo pureza, frescor e renovação. A fumaça passa por entre as cortinas, inundando pequenos espaços esquecidos e a muito intocados. A sensação de paz se mistura a insegurança de uma nova jornada, tudo o que você conhece e espera que se repita, tudo que já sabe que no fim a solução sempre vem de uma intuição fraca e desconfigurada.
O que leva alguém a esperar que nada mude nunca, quando o tempo mostra o contrário?

A cadeira balança, ainda que pouco e devagar. O barulho de seu movimento enaltece a sonolência que cobre mais um final de tarde de um domingo qualquer. Amanhã o sol rugirá sobre as nuvens, meu espírito acordará mais velho que outrora e uma mesma segunda iniciará, inesperada e real, faminta por novos sentimentos e desafios.
Cochilo em um estado de paz e dúvida, aguardando mais uma semana de um ciclo sem fim...

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Bruno Peres