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Gotas de Acaso

Escrito por Bruno Peres | Postado como | às 15:41

Ler isso depois de um tempo me lembrou quantas revisões esse texto já recebeu, mas segue em sua primeira versão.

"O sono consumiu tanto meu corpo que eu já tinha perdido a noção do tempo. Não estava acostumado a ficar sozinho, sem ter com quem conversar ou mesmo olhar. A mata é minha única companhia agora e terei que me virar assim. Tento entender o que o velho sacerdote dizia quando reclamavamos sem saber o que diziamos, eu via muitas pessoa reclamarem de solidão em meio a uma multidão. Aqui eu não ouço nada. Não falo nada. Tudo que tenho a fazer é pensar.

Meu corpo esta cortado. O fiz para esquecer, mas toda vez que vejo esses malditos cortes me lembro do maldito desespero, do maldito instante em que me libertei.
Sociedade. Qual o significado de tudo issu? Qual a verdade por trás de todas as máscaras encapuzadas por todos?


Caribas e carrapatos! Cuencas e corruptos! Carambolas e caramujos! Onde estão meus senimentos? O que significa toda essa confusão dentro de mim?
Respostas. Queremos respostas.
Acho que as tenho. Somos o que queremos ser, ao menos que influenciarem nossos atos. Então somos o que eles querem que sejamos. Eles quem?


Somos o que somos e somente nós sabemos disso. Verdade que omitimos isso das mentes alheias, talvez seja proteção...
Não, talvez seja medo.
Mas medo de que? Não, não. Acho que seja cautela, não é possivel que todos tenham medo de mostrar quem realmente são.


Ou sim. É, pode ser que sim. Sim, sim. Então somos uma sucessão de seres, Bernardo já dizia e agora eu talvez entenda.
Acho melhor voltar ao meu sono, essa conversa não esta me levando a nada.
- Porque você não se levanta e faz algo?


Que voz era aquela? Dessa vez não era minha maldita conciência, eu estava...


- Você não vai me responder?


Sim, era comigo. Tinha alguém falando comigo. Uma voz carregada, talvez de experiências, talvez de dor, talvez de dúvida, talvez de...


- Não adianta fingires que dorme.


Deveria eu abrir os olhos perante o inimigo? Não sabia quem era mas também não sabia aonde estava. Abri os olhos.


- Ah! Então você está realmente vivo. Quem é você pobre criatura?


Pés descalços, unhas carcomidas e cheias de terra. Um manto velho e sujo cobrindo seu corpo. Cabelos levemente grisalhos. Um rosto que outrora deve ter cido muito belo mas que o tempo e amargas experiências maltraram com dor e muitas lágrimas.


- Você não vai me responder?


Levantei vagarosamente olhando em seus olhos. Eles me fitavam e incitavam um certo medo.


- Insistes em continuar calado, então serei breve. Estou com fome, você por acaso teria algo para comer?


Levei minha mão ao bolso e lhe entreguei um pequeno pedaçõ de pão que me sobrara.


- Ah! É quieto mas compreensivo, isso é bom. Ás vezes falar demais pode nos trazer problemas. Você sabe aonde está?


Algo me chamou atenção em suas orelhas, pequenas pedras preciosas. Uma carregada maquiagem tomava-lhe a face e dava um ar de charme em sua alma.


- É, realmente você não irá me responder. Bem, você está nas minhas terras. Em breve meus cavaleiros irão lhe procurar e deves dizer que se encontrou com a princesa. A mais belas das mulheres a banhar-se no lago de águas cristalinas.


Sua face enrugou e seus olhos diminuíram. Algo estava errado. Virei-me e comecei a caminhar sem rumo novamente. Não demorou para que ela me seguisse.


- Aonde vai nobre peregrino?


Nobre peregrino? Ela não faz a mínima idéia de quem eu sou. Não faz a mínima idéia dos atos que cometi em minha vida. Se nem eu mesmo me conheço como pode ela me chamar de nobre?


- Se não me responde então irei segui-lo. Afinal, quem manda nessas terras sou eu e posso ir aonde bem entender.


Rapidamente ela passou a minha frente e fez sinal para que a seguisse. Ela realmente conhecia o lugar, seus passos eram firmes e sua voz me perturbava. Algo em sua alma transmitia medo e seu olhar fixo a mim mostrava que eu era a chave para seu desespero.


Vozes. Ela parou. Relinchos de cavalos. Reflexos de armas ofuscaram meus olhos. Barulhos. Tudo foi muito rápido, ouvi gritos e quando percebi havia uma dúzia de homens ao meu redor. A mulher estava sangrando e o pouco sangue em minha roupa parecia ser dela. Eles não perguntaram nada, apenas bateram em minhas pernas e começaram a me amarrar. Um deles disse que tinham encotrado o assassino da princesa, este parecia ser o líder da pequena tropa.


A mulher que me abordou na mata estava ao chão. Chorava sem parar e aos soluços tentava contar o que eu havia feito com ela. Dizia coisas absurdas e que com minhas próprias unhas havia dado fim a vida da princesa e agora iria acabar com a única testemunha.


O líder voltou a se pronunciar e defendia a mulher com todas suas forças. Eles estavam me levando. Anoiteceu.


Na parada um dos homens veio me oferecer comida, aceitei pois a dias meu estômago não era alimentado. O soldado parecia triste e uma lágrima, apenas uma, escorreu por sua face. Retomei todo meu espírito e disse apenas a verdade: - Seu líder é cumplice na morte e a assassina usa os brincos que já pertenceram a princesa. Suponho que o corpo esteja no lago mais próximo e espero que suas lágrimas punam e vingem a morte de sua amada.


O homem parou olhou e dentro dos meu olhos. Chamou dois outros soldados e adentraram a floresta escura e sombria. Senti medo. Percebi que podia pagar por algo que não fiz. Mas eu merecia, eu mereço todas as punições do mundo. Mereço ser tratado como um animal. Por mais que eu me engane eu uso o coração dos outros para ajuda o meu.


Eles retornaram com o corpo da donzela real nos braços. Todos acordaram. Fui açoitado pelo líder e a mulher tentava explicar o que estava acontecendo. Perguntaram-me como eu sabia sobre o lago e eu disse apenas a verdade: - Soldado, você que entrou no lago. Olhe em suas botas. Está vendo pedaços de musgo. Agora olhe as botas de seu líder.


Realmente havia musgos em ambas as botas e a muher não consegui explicar como os brincos e a maquiagem da princesa tinham aparecido nela. O líder perdeu seu foco de liderança e acabei sendo levado ao rei para lhe explicar o caso. A verdade, por mais que seja dolorida deve ser ouvida."


"Liderança é o processo de exercer influência sobre um indivíduo ou um grupo, nos esforços para a realização de um objetivo, em determinada situação".

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Ao som de: Live - I Walk The Line...

Sobre o Autor:
Bruno Peres Bruno Peres (brunoperes03@yahoo.com.br) Formação em Comunicação Digital com Especialização em Web Presence pela Universidade de Toronto é um RPGista por natureza e solteiro por incompetência, tenta ser escritor nas horas vagas e adora contar causos de sua vida entre amigos. É editor e escreve para o site da A4A e mantém o Twitter @bperes


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