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Apanhadores de sonhos 1/4

Escrito por Bruno Peres | Postado como | às 18:46

"Não sei bem por onde começar, minhas mãos ainda estão trêmulas demais para me deixar escrever frases coerentes nesse pequeno pedaço de papel, aliás, isso foi a única coisa que encontrei onde pudesse deixar um recado à próxima vítima que chegasse até aqui.
As pessoas com quem conversei também não me levaram a sério, meus pais também acharam que eu estava me drogando, minha namorada também teve certeza de que eu estava tendo outro caso. Minha vida veio abaixo, tudo em meu caminho não passa de um punhado de incertezas sobre tudo o que já vi e vivi até hoje.
Eu ta
mbém não sei mais em quem confiar, não sei quais os reais poderes de Deus e a cada dia passo a ter um maior pavor de minha própria sombra.
Se você estiver lendo isso é porque chegou ao mesmo ponto em que eu estava há alguns dias e provavelmente já percebeu que eles o deixarão apodrecer nesse quarto como tudo mais que está espalhado por todos os cantos. 
Não sei ao certo como tudo começou, com um sonho talvez. O mais estranho dos pesadelos envolvia uma pequena garota, como se algo me fosse revelado, como se eu entrasse em uma grande igreja. Pela arquitetura e grandiosidade dos vitrais me parecia muito com a Catedral da Sé, em São Paulo e estranhos ruídos vinham de diferentes lugares. Pessoas encapuzadas, músicas e gritos confundiam cada vez mais meus pensamentos e era como se eu fosse um intruso em alguma espécie de ritual.
Jamais tinha pensando nisso, mas comecei a entender melhor o significado da palavra exclusão, comecei a sentir na pele a rejeição de amigos e familiares; eu estava cada vez mais sozinho, a não ser por estranhas pessoas que passaram a vigiar cada lugar em que eu estivesse.
Tudo foi muito rápido, eu não saia de casa já há alguns dias e depois de muita insistência por parte das poucas pessoas que ainda conversavam comigo resolvi ir até o churrasco dos veteranos e tentar não me afastar muito de uma turma que eu ainda estava me acostumando, mas não tive tempo nem ao menos de encontrar minha ex-namorada dentre o monte de latas e pessoas, quando me dei conta estava correndo em meio a árvores e mato, em plena da noite eu fugia de algo que me perseguia e podia ouvir passos por todos os lados.
Não sabia ao certo onde estava, a festa era no campus dois da universidade e eu tinha estado lá poucas vezes, achei que se continuasse correndo na mesma direção talvez encontrasse algum muro que me colocasse de volta na estrada que levava à cidade. Engano meu, talvez estivesse andando em círculos, talvez estivesse apenas desesperado. Claro que estava! O mais empolgante que tinha feito em minha vida era ter acertado meu primo com uma arma de paintball quando tinha doze anos.
Algo muito forte me acertou a cabeça e a última coisa de que me lembro foi de ver algumas pessoas encapuzadas me cercando e antes de apagar pude ver alguém vestindo a jaqueta do curso de História... Meu Deus... Estavam bem embaixo do meu nariz!
Quando acordei estava na mesma situação em que está hoje e encontrei um pequeno bilhete que dizia apenas duas frases: - Não durma. Viremos te buscar!"
Ao som de: Evanescence - My Last Breath

Sobre o Autor:
Bruno Peres Bruno Peres (brunoperes03@yahoo.com.br) Formação em Comunicação Digital com Especialização em Web Presence pela Universidade de Toronto é um RPGista por natureza e solteiro por incompetência, tenta ser escritor nas horas vagas e adora contar causos de sua vida entre amigos. É editor e escreve para o site da A4A e mantém o Twitter @bperes


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Comments (1)

Como disse.. Começarei a palpitar hehehe.

Engraçado como algumas coisas refletem totalmente ou parcialmente fatos das nossas vidas como se fossem reflexos perfeitos e nitidos do que se passa no nosso pequeno mundinho pessoal...


du

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